domingo, 14 de novembro de 2010

Rudimentos


OS 40 RUDIMENTOS

Segundo pesquisa do percussionista Antenor Ferreira, os rudimentos têm origem em práticas militares, já que faziam parte da tradição de aprendizado oral dos músicos que acompanhavam infantarias em batalhas. Ao que tudo indica, historicamente, surgiram na Suíça (século XVII) – vê-se, assim, o motivo de certos nomes como swiss army triplet. Passaram, posteriormente, a ser usados pelas armadas da França e da Inglaterra, chegando à América do Norte na época de sua colonização.

A primeira publicação norte-americana sobre o tema data de 1812: “A New, Useful and Charles Stewart Ashworth of Drum-Beating”, de Charles Stewart Ashworth. Em 1862, George Bruce, instrutor de percussão da U.S. Navy, ampliou para 26 o número de rudimentos. John Philip Sousa, diretor da U.S. Marine Band, escreveu em 1880 “A Book os Instruction for the Field-Trumpet na Drum”, um manual que continha os 26 rudimentos e que veio a se tornar o guia mais divulgado para percussionistas das bandas e corporações militares dos Estados Unidos.

Em 1993, em um encontro reunindo centenas de profissionais ligados aos concursos de bandas e corporações musicias dos EUA, foi criada a NARD (National Assocation of Rudimental Drummers), organizada por um grupo de treze bateristas (entre eles William F. Ludwig) que estabeleceram rudimentos principais que eram requeridos como teste para os bateristas que desejavam participar das competições entre bandas marciais. O principal objetivo da NARD foi padronizar um sistema de percussão para tambores, selecionando uma série de rudimentos, por meio dos quais as corporações e os percussionistas seriam julgados nos concursos. Assim, selecionaram os treze rudimentos essenciais (ou seja, obrigatórios) e mais treze auxiliares – que não entrariam como quesitos obrigatórios para avaliação nos concursos. Finalmente, a Percussive Arts Society (PAS) reorganizou os primeiros 26 rudimentos e adicionou outros catorze, formando os conhecidos 40 International Drum Rudiments (40 rudimentos internacionais para tambor).

Do ponto de vista do aprendizado, os rudimentos constituem uma excelente ferramenta pedagógica, pois associam aspectos calistênicos e mnemônicos. Os aspectos mnemônicos vêm da citada tradição oral de ensino, pois os músicos/militares que iam para frente de batalha não levavam partituras. Estes percussionistas memorizavam sequências rítmicas constituídas por meio de onomatopéia, ou seja, o vocábulo cuja pronuncia lembra o som da coisa que designa e/ou frase constituída para causar efeito fonético imitativo. Assim, o nome do rudimento é extraído do som do rudimento tocado no tambor. Com isso, os músicos podiam estruturar os padrões rítmicos relembrando as séries de efeitos onomatopaicos. Por exemplo, oito compassos em 2/4 (16 tempos) poderiam ser estruturados em quatro paraddidle, dois flamacue, dois flam tap, dois flam. Este tipo de memorização é um ótimo aliado para o aprendizado da percepção musical, pois fixa a célula rítmica na consciência, e esta célula é relembrada com facilidade quando ouvimos aquele som específico em outros contextos.

Os aspectos calistênicos dizem respeito ao desenvolvimento muscular. Calistenia é uma palavra de origem grega: Kallós = belo, sthenos = força. Significa cheio de vigor, de força, busca pelo exercício, a harmonia do corpo. Relaciona-se, sobretudo, com o ensino regular de educação física e pode ser entendida como uma maneira de exercitação e sistematização de exercícios físicos, com o intuito de se desenvolver todos os segmentos corporais: cabeça, tronco e membros. Partindo daí, algumas derivações, transformações e associações com outras áreas de estudo ocorreram. O método Arica (sistema contemporâneo de filosofia holista de base oriental), por exemplo, criou a psicocalistenia (associação entre psicologia e calistenia), e possui cinco fases: aprendizagem dos movimentos, condicionamento muscular, condicionamento emocional, movimentos sinestésicos e respiração das noves cores. O estudo dos rudimentos condiciona a musculação do pulso, tornando-a flexível e permitindo agilidade.

O estudo e a aplicação dos rudimentos são, portanto, indispensáveis à formação do percussionista e do baterista. Como o próprio nome diz, rudimentos são as primeiras noções, o que é essencial e elementar a uma ciência. Portanto, devem ser empregados desde o nível iniciante do aprendizado.

Matéria publicada na Revista

Batera & Percussão – Abril/2008 – fonte de parceiros

phlavio18@hotmail.com

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